O que levou Minas a declarar emergência na saúde Decreto do governo do estado tem validade de 180 dias e agiliza ações urgentes, como contratar profissionais e abrir novos leitos

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Em meio à escalada acelerada dos casos de doenças respiratórias, Minas Gerais decretou, ontem (2/5), situação de emergência em saúde pública. A medida, assinada pelo governador Romeu Zema (Novo), tem validade de 180 dias e autoriza a adoção de ações emergenciais para conter o avanço das doenças, que já pressionam a rede de atendimento em todo o estado, especialmente no cuidado com crianças e idosos. Quatro cidades da Grande BH também já acionaram decretos próprios de emergência.

A pressão sobre o sistema de saúde comprometeu a capacidade da rede pública em algumas regiões, como Montes Claros, Governador Valadares, Januária, Diamantina e Coronel Fabriciano, segundo informou o governo estadual. Até 30 de abril, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), o estado já havia registrado 26.786 internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 334 mortes. A maioria das hospitalizações ocorre justamente entre menores de 1 ano (2.587) e maiores de 60 (15.130).

A pressão sobre o sistema de saúde comprometeu a capacidade da rede pública em algumas regiões, como Montes Claros, Governador Valadares, Januária, Diamantina e Coronel Fabriciano, segundo informou o governo estadual. Até 30 de abril, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), o estado já havia registrado 26.786 internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 334 mortes. A maioria das hospitalizações ocorre justamente entre menores de 1 ano (2.587) e maiores de 60 (15.130).

BH decreta situação de emergência por aumento de doenças respiratórias 

Agora, com o decreto em vigor, Minas poderá, além de abrir leitos com mais agilidade, reorganizar toda a rede de atenção à saúde. A criação do Centro de Operações de Emergências em Saúde por Síndrome Respiratória Aguda Grave (COE-Minas-SRAG) é uma das ações previstas para coordenar as medidas em todo o território estadual. Para aliviar o sistema, a SES-MG também iniciou repasses a hospitais que se dispuserem a abrir ou adaptar leitos clínicos destinados ao atendimento pediátrico de SRAG.

Em uma tentativa de se antecipar ao pico das doenças respiratórias, o governo de Minas abriu, ainda em março, 12 leitos semi-intensivos no Hospital Infantil João Paulo II, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A medida teve como foco principal os casos de bronquiolite em crianças pequenas, uma das principais causas de internação infantil nesse período. A estrutura da unidade também está pronta para acionar, caso necessário, outros 10 leitos de terapia intensiva pediátrica, reforça a SES-MG.

Hospital Infantil de BH se prepara para pico de doenças respiratórias

Desde abril, o estado também opera a Sala de Monitoramento de Vírus Respiratórios, uma estrutura técnica que, segundo o executivo estadual, permite tomada de decisões rápidas nas áreas de vigilância, assistência e vacinação. O esforço se estende ao Comitê Estadual de Vírus Respiratórios, que reúne quinzenalmente especialistas e gestores da saúde pública para acompanhar a evolução dos casos e avaliar a efetividade das medidas adotadas. Paralelamente, desde outubro do ano passado, a Secretaria Estadual de Saúde mantém um trabalho conjunto com os municípios para capacitar equipes, distribuir materiais técnicos e preparar a rede de atendimento para o aumento esperado durante o outono e o inverno.

Depois de Belo Horizonte, Betim e Contagem, agora foi a vez de Santa Luzia, também na Grande BH, decretar situação de emergência em saúde pública. A decisão foi oficializada no Diário Oficial do Município ontem. O cenário por lá é crítico: as unidades de internação pediátrica estão lotadas, e cresce o número de crianças que precisam de intubação e ventilação mecânica. Segundo a prefeitura, os casos mais graves se concentram entre crianças e adolescentes de 2 a 14 anos.

Além das internações, o município também observa um aumento expressivo na procura por atendimento nas Unidades Básicas de Saúde, na UPA São Benedito e no Hospital Municipal Madalena Parrillo Calixto. Nessas unidades, o número de pacientes com infecções virais agudas (IVAS) e síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) tem ultrapassado a média esperada. Todos os leitos pediátricos disponíveis estão ocupados.

Alta demanda nos hospitais

Na tarde de ontem, a reportagem percorreu unidades de saúde públicas e privadas de Belo Horizonte e encontrou um cenário de movimento intenso e constante, especialmente de famílias com crianças. Apesar do fluxo elevado, não foram registradas superlotações ou filas extensas nos locais visitados.

A maquiadora Luciana Megale, de 38 anos, sentiu o alerta acender quando percebeu que o filho Benício, de oito anos, começou a respirar com dificuldade. Sem histórico de bronquite ou outros problemas respiratórios, o garoto estava com uma tosse carregada desde o último sábado. “Já tem uma semana que ele está assim, e só está piorando”, contou a mãe, preocupada.

O caso do filho dela ilustra uma tendência observada em toda a rede de saúde: só em abril, Belo Horizonte registrou mais de 63 mil atendimentos por sintomas respiratórios, um aumento de quase 50% em relação a março, que teve pouco mais de 42 mil casos. Na última semana do mesmo mês, a capital mineira recebeu 196 pedidos de internação para crianças com menos de 1 ano, quase o triplo da demanda da última semana de março.

Luciana Megale percebeu que o filho Benício começou a respirar com dificuldade.  Sem histórico de bronquite, ele estava com tosse carregada há uma semana

Luciana Megale percebeu que o filho Benício começou a respirar com dificuldade. Sem histórico de bronquite, ele estava com tosse carregada há uma semana

Jair Amaral/EM/D.A. Press

Mesmo quem não buscava atendimento por doenças respiratórias sentiu a mudança no ambiente hospitalar. A bancária Maria do Carmo de Araújo, de 58 anos, e o professor Hélio Mendes, de 62, procuraram o Felício Rocho para uma consulta ortopédica, mas decidiram usar máscara ao chegar. “Viemos de carro sem máscara, mas ao entrar vimos muita gente, o ambiente é fechado, então colocamos por precaução”, explicou Hélio.

Vacinação como barreira

A imunização é tratada como peça-chave para evitar o avanço de casos graves de doenças respiratórias. Como resposta à piora nos indicadores, a vacinação contra a gripe foi ampliada para toda a população acima de seis meses. Em BH, a campanha, que começou em 31 de março, foi reforçada com mais postos e distribuição do imunizante em todos os 153 centros de saúde da capital, além de sete unidades extras. Até o momento, já foram aplicadas mais de 202 mil doses na capital.

A vacinação contra a influenza agora faz parte do calendário anual e segue disponível durante todo o ano. O estado já recebeu 5,7 milhões de doses, distribuídas aos municípios, e conta com o apoio de 222 “vacimóveis” – vans adaptadas como salas de vacinação – para ampliar o alcance da campanha. A baixa procura, no entanto, acende um alerta entre os profissionais de saúde, que contam com a vacina como barreira contra a superlotação. Na capital, a cobertura vacinal segue baixa: apenas 24,1% do público-alvo – crianças pequenas, idosos e gestantes – está vacinado.

“Temos vacinas eficazes para a maioria das doenças respiratórias, como influenza e covid-19. A única exceção é o vírus sincicial, que ainda não tem vacina disponível, mas é justamente um dos mais perigosos para bebês pequenos. Por isso, é essencial que pais e responsáveis levem seus filhos para vacinar”, alertou Baccheretti. Por fim, ele também reforçou a importância de evitar o contato entre crianças com sintomas e outras da mesma faixa etária.

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