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Pesquisa mostra que 70% dos jovens pede ajuda aos pais e 25% os leva para entrevistas de emprego

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Estudo recente do instituto Resume Templates, dos Estados Unidos, ouviu 1.428 pessoas entre 18 e 27 anos, integrantes da geração Z

Por Raphael Vidigal Aroeira

Uma pesquisa recente realizada pelo instituto Resume Templates mostrou que 70% dos jovens da chamada geração Z, ou seja, entre 18 e 27 anos, pediram ajuda aos pais para procurar emprego, enquanto que 25%, não satisfeitos, ainda os levaram a tiracolo para as entrevistas, o que representaria cerca de um em cada quatro candidatos à vaga. Realizada nos Estados Unidos, a pesquisa ouviu 1.428 jovens com esse perfil.

Especialista em liderança e engajamento e co-fundador da empresa de mentoria “Gestores de Sonhos”, Ricardo Castanheira vê paralelos importantes, e acredita que essa realidade contemporânea, revelada pelo estudo, também tem sido replicada aqui no Brasil. Ele, no entanto, considera fundamental fazer uma ressalva sobre a temática.

“A gente tem uma tendência a tipificar as gerações, mas é bom pontuar que existem pessoas diferentes dentro da mesma geração. Há pessoas da geração Z que são mais maduras, comprometidas e autônomas”, pondera. Apesar disso, a percepção geral de Castanheira é que esses jovens estão “muito dependentes da tecnologia, acostumados a ter tudo rapidamente”.

“Eu acho que a principal característica de muitas pessoas dessa geração é a incapacidade de lidar com a frustração. Então, diante de tantas facilidades que eles têm, qualquer desafio que possa aparecer e gerar uma resposta negativa desencadeia uma reação fora de controle”, analisa ele. A presença dos pais seria a maneira de angariar “suporte emocional para lidar com um possível ‘não’…”, diz.

Equilíbrio

A arquiteta Tereza Meireles, 36, acredita que a necessidade de ser acompanhado pelos pais nas entrevistas de emprego revela uma insegurança emocional da nova geração, que, segundo ela, tem lidado “com muitas pressões”. “A gente vê que são pessoas ansiosas, muito por conta de ficarem conectadas o tempo todo às redes sociais e terem dificuldade de criarem relações sólidas e verdadeiras”, opina.

Com essa “perda da identidade”, apresentar-se para uma entrevista de emprego seria “um desafio e tanto”. Já o professor de educação física Cristiano Costa, 47, vê essa geração como “muito medrosa”. “Tem que aprender a se virar sozinha”, garante. Ricardo Castanheira propõe o equilíbrio entre essas duas visões sobre o mesmo tema.

“Os pais precisam dar autonomia para os filhos enfrentarem a vida sozinhos. Em condições excepcionais, dependendo da fragilidade emocional do filho, a presença dos pais em uma entrevista de emprego pode ser necessária. Mas o ideal é trabalhar para que o filho consiga enfrentar essa situação por conta própria”, salienta Castanheira.

Para ele, a longo prazo, esse comportamento tende a culminar em “um nível grande de dependência do qual o filho, lá na frente, terá dificuldade de se desvencilhar”. “Uma pessoa que leva os pais à entrevista de emprego pode criar o comportamento de demandar sempre a interferência dos pais nas situações que tenha dificuldade, gerando, assim, uma atitude protecionista, paternalista, e que não é benéfica”, afiança.

Relacionamento

Um exemplo que Castanheira oferece sobre esse quadro traçado é o relacionamento contemporâneo entre alunos e professores. “A gente percebe que, em muitos casos, quando a escola relata um problema com o filho, ela imediatamente se torna vilã e os professores são bombardeados com críticas pelos pais que entendem que o filho nunca está errado, eximindo-o de qualquer responsabilidade”, observa o especialista, para quem “essa é uma dinâmica que vai muito além da presença dos pais nas entrevistas de emprego”.

“É um tipo de criação que gera essa dependência”, diz. A raiz do problema estaria na “tentativa de pais que trabalham e ficam muito tempo fora de casa de compensarem essa longa ausência com vários mimos…”, diz o mentor. “E, aí, eles acabam trocando os pés pelas mãos e mais atrapalhando do que ajudando. Dizer ‘sim’ o tempo todo, evitar magoar o filho, presentear, tentar protegê-lo da vida para compensar essa ausência é uma péssima escolha. Acredito que a principal característica dessa dinâmica atual entre pais e filhos é a dificuldade de impor limites”, sustenta Castanheira.

Segundo ele, “dizer ‘não’ é uma poderosíssima forma de amor”. “Os filhos precisam compreender que um ‘não’ não é o fim do mundo e que, em tudo que acontecer, os pais estarão ali para acolhê-los e apoiá-los, o que é bem diferente de mimar com presentes e fazendo todas as vontades dos filhos…”, assegura Castanheira.

Presença pode alterar a percepção do entrevistador

Especialista em liderança e engajamento, Ricardo Castanheira não tem dúvidas de que a presença dos pais em uma entrevista de emprego pode alterar a percepção do entrevistador sobre a capacidade do filho. “As empresas estão em busca de pessoas com coragem e um mínimo de autonomia. Por mais que um indivíduo seja jovem, com 17, 18 anos, ele precisa se mostrar com disposição para aprender”, afirma Castanheira. De acordo com o especialista, “em uma primeira entrevista de emprego, um suporte emocional não chega a ser problema, mas é necessário não ultrapassar alguns limites”.

Interferir nas respostas do filho durante a entrevista de emprego, por exemplo, seria “o pior comportamento possível” a ser adotado pelos pais. “O grande suporte que os pais devem oferecer é nos bastidores, é antes da entrevista, preparando o filho para esse momento que é, sim, muito desafiador, principalmente quando se trata de uma primeira entrevista, orientando-os para que eles ofereçam respostas que sejam convincentes”, conjectura Castanheira, que sugere uma “postura encorajadora para além das vitórias”.

“Quando um pai elogia o filho pelo esforço para alcançar um objetivo, mesmo que ele não tenha conseguido o resultado esperado, ele está fazendo a coisa certa. É preciso enaltecer o processo, o esforço, a dedicação. O resultado é uma consequência, não é um fim em si mesmo, essa é uma visão que precisamos mudar”, arremata Castanheira.

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